domingo, 20 de março de 2011

12. Dos Equis



Foi foda. Mesmo. Daqueles encontros que se chega em casa quicando e liga para a amiga, como se os tempos de faculdade ainda não tivessem passado.

Foi por acaso, ao sabor do vento. Duas pessoas no bar da boate, cartelas estendidas. Ela bebe uma Gin Tônica enquanto espera um hamburguinho (é sério. nada mais anti clima do que hamburguinho). Ele pede uma Dos Equis. Ao ouvir o nome da cerveja mexicana, ela olha para ele. O garçom fala que o abridor foi perdido. Ele olha para ela. E ri. Assim. Simples. Ela queria ficar em casa, mas o aniversário da amiga querida a fez sair. Ele não conhecia a aniversariante e não era da cidade, foi acompanhando um amigo.

Ela sempre acreditou em acasos. Quando ele perguntou seu signo, ela riu. "Câncer", respondeu, já de costas. Hamburguinho na mão. Ele riu. “Vou sair correndo agora. Dois cancerianos juntos é muito drama. Vai dar merda.” Ela riu. E logo depois se beijaram.

Depois do tanto que viveu de decepções e frustações nos últimos meses, fica difícil acreditar. Um beijo bom dá mais medo que prazer. Ao chegar em casa, ela até pula com a amiga mas, ao deitar a cabeça no travesseiro, começa a se censurar: “Ele é muito gato pra você”, “Olha a sua barriga, ele é todo sarado...” “Ele pegou seu telefone mas não vai ligar, claro. As coisas não são assim, você sabe.” “Ok, era noite de lua cheia, mas isso não significa que o vivido foi especial...” “Para de sonhar, sua idiota!”.

Como se isso fosse possível para uma canceriana.

Que ele esteja sonhando também.
Amém.

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